Santos investe em ex-scout do Arsenal (ING) para acertar nas contratações

Para aumentar o índice de acerto nas contratações e depender menos da oferta de empresários, o Santos contratou o olheiro Sandro Orlandelli, que por onze anos garimpou jogadores sul-americanos para o Arsenal (ING). O profissional, que presta serviços, mas não integra a comissão técnica do clube, tem a missão de procurar reforços para o Peixe, que espera que o trabalho renda frutos já na próxima janela de transferências.
– Ele roda o mundo observando atletas e fazendo relatórios. Analisa partidas e observa jogadores. Vamos dar algumas coordenadas, mas ele também irá sugerir nomes – explicou o superintendente de esportes do Santos, Felipe Faro.
Indicado à diretoria alvinegra por um conselheiro, Orlandelli, que tem 43 anos e fala seis idiomas, tem um currículo de respeito, que impressionou os cartolas do Peixe. Ele cursou Educação Física e fez pós-graduação em Fisiologia do Esporte e Gestão Estratégica de Negócios. Formou-se também como treinador profissional pela Federação Inglesa de Futebol, vinculada à UEFA (União das Federações Europeia de Futebol).
No entanto, seu último trabalho no Brasil, como diretor de futebol do Atlético-PR, não foi muito bem-sucedido. Ele passou sete meses no clube, contratou 12 atletas e poucos vingaram. Por divergências com a diretoria, ele deixou o Furacão em junho de 2012.
Antes, Orlandelli fez estágio no time amador do São Paulo, trabalhou no Corinthians, no Yokohama FC, do Japão e no Saint Etienne, da França. No Al-Hillal, da Arábia Saudita, foi auxiliar técnico e preparador físico, e no Malmo, da Suécia, trabalhou com o sub-15.
Procurado pelo L!Net o olheiro não quis conceder entrevista.
– Estou na Inglaterra e não posso falar. Me liga em maio, por favor – disse, em contato telefônico.
Até então, o Santos não contava com olheiros. A observação de atletas ficava restrita ao técnico Muricy Ramalho e seus auxiliares Tata e Marcelo Fernandes. Esporadicamente, o ex-jogador Serginho Chulapa também exercia essa função.
À boca pequena: Fora dos microfones, dirigentes do Peixe não escondem a admiração por Edu Gaspar, gerente de futebol do Corinthians. Os cartolas admiram o fato de ele ter bom trânsito nos principais clubes do mundo ao mesmo tempo em que sabe falar a língua dos “boleiros”.
Bate-Bola com Odílio Rodrigues, presidente em exercício do Santos, em entrevista ao LANCE!Net
Qual é a intenção do Santos com a contratação do Sandro?
A gente não tinha alguém com essa função de scout… A formação dele, o currículo, é uma pessoa com essa função de avaliar jogadores. Não só quem o mercado oferece, jogadores de base, jogadores de potencial. É um trabalho promissor. Toda contratação tem um risco. Com a avaliação do Sandro, um profissional, nós minimizamos.
O clube ficará menos dependente de empresários agora?
Não acho que o clube fosse dependente. O mercado do futebol é visível, está na mídia, tem até lista na internet de movimentação de atletas. O empresário é uma realidade, quando você vai negociar tem que cair na mão dele. Quem avaliava era a comissão técnica. Não depende da opinião do empresário, mas da comissão. Hoje tem também o Sandro, que vai agregar na chegada e na saída…
Na venda também?
Sim, ele avalia todo o elenco, fala se o jogador tem potencial para ficar, se é melhor negociá-lo…
Como é o trabalho do Sandro?
Ele tem um time de profissionais que o auxilia, além de base de dados. É uma pessoa de visão ampla, com acesso a diversos mercados.
De dentro do clube: Bruno Cassucci, repórter do Núcleo Santos
Ano passado o Santos profissionalizou toda a sua diretoria, mas ainda seguiu amador no quesito procura por jogadores. Por mais que Tata, Marcelo Fernandes e o próprio Muricy observassem jogadores, o trabalho era bem diferente do que será feito agora por Orlandelli.
Muitas vezes o Peixe ficava dependente de empresários. Ao invés de ir atrás de bons nomes “perdidos” no mundo, jogadores em fim de contrato ou revelações, o clube esperava que agentes oferecessem atletas. Um erro claro.
Se inspirar no Corinthians não é demérito algum. É preciso copiar o que dá certo e o rival inegavelmente tem contratado bem.